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O Que É O Ácido Alfa-Lipóico: Tudo O Que Precisas De Saber

O Que É O Ácido Alfa-Lipóico: Tudo O Que Precisas De Saber
Alice Pearson
Nutricionista Associada Registada3 anos Atrás
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O Ácido Alfa-Lipóico (αLA) pode, de facto, ser visto como um "alfa": dominante entre os antioxidantes. Também conhecido pelos nomes de ácido tióctico, ácido 1,2-ditiolano-3-pentanóico, ou simplesmente como o “antioxidante universal”, o αLA merece certamente um estatuto de destaque no mundo dos suplementos.

Com propriedades variadas, tem efeitos a vários níveis, do controlo do peso e modulação do metabolismo ao combate aos radicais livres e quelação de metais.1 Vamos ver de que é que o αLA é realmente capaz.

 

Neste artigo, vais encontrar:

O que é o ALA?Benefícios do ALAEfeitos secundários do ALADosagem do ALA

 

 

O que é o Ácido Alfa-Lipóico?

O αLA é um cofator que ajuda a acelerar o processo de remoção de átomos de carbono de α-cetoácidos — que são moléculas envolvidas no ciclo do ácido tricarboxílico (ATC).2 O ciclo do ATC é uma série de reações químicas que produz como resultado a energia de que precisamos para comer, dormir e respirar — e, claro, fazer exercício! O αLA cumpre uma função crítica no ciclo do TCA, e é, portanto, necessário para nos mantermos energizados.

O αLA é produzido no corpo, especificamente nas mitocôndrias (pequenas “fábricas de energia” nas nossas células).3 Também pode ser obtido através da alimentação, sendo a carne, rins e fígado fontes ricas em αLA. Quantidades mais pequenas podem ser encontradas em legumes.4 Muitas vezes, uma dieta ocidental típica não fornece uma quantidade abundante de αLA, pelo que um suplemento pode ser útil.

Quer seja obtido através da dieta, produzido no corpo ou tomado em forma de suplemento, o αLA é rapidamente convertido em ácido dihidrolipóico (ADHL), o que potencia as suas propriedades de combate aos radicais livres.5 Como antioxidante, uma função-chave do ADHL é reduzir ou prevenir os danos às células causados por radicais-livres — vamos voltar a este ponto em maior detalhe um pouco mais à frente.

Por agora, referimos uma propriedade que faz com que este “antioxidante universal” se destaque dos restantes — é solúvel quer em lípidos (gorduras), quer em água. Isto pode parecer um detalhe menor, mas esta propriedade permite ao αLA ser transportado para vários tecidos por todo o corpo,3 ao contrário do que acontece com outros compostos semelhantes – por exemplo, a vitamina E, que só é solúvel em lípidos. Fica sobretudo armazenado no fígado, coração e músculos esqueléticos, onde é depois decomposto para desempenhar o seu papel na produção de energia.6

É assim que o ADHL chega aonde precisa de estar para cumprir as suas múltiplas funções. Vamos ver de seguida quais são estas funções e como podem ser relevantes para o nosso bem-estar.

 

Os Benefícios do Ácido Alfa-Lipóico

1. Reduz os danos por oxidação

Como mencionámos acima, o αLA combate os radicais livres, o que significa que pode reduzir os danos causados por espécies reativas de oxigénio (ERO) e de azoto (ERA). As ERO e ERA são radicais livres produzidos pelo metabolismo de espécies de oxigénio e de azoto. Em condições fisiológicas normais, estão em equilíbrio com os compostos que os neutralizam, o que mantém os seus efeitos potencialmente nocivos sob controlo.7 Contudo, se esse equilíbrio de desfizer – devido a um aumento na produção de radicais livres ou à escassez de substâncias que os combatam – as ERO e ERA tornam-se subitamente uma preocupação séria. O seu efeito nocivo causa danos a proteínas, moléculas de gordura e genes – o que pode acelerar o processo de envelhecimento.7

As boas notícias são que tanto o αLA como o ADHL dão “caça” a radicais livres – radicais hidroxila, ácido hipocloroso e radicais peroxil, para mencionar alguns. Isto restaura o equilíbrio e atenua o stress oxidativo.7 Um estudo em laboratório testou esta capacidade do αLA. Os linfócitos do sangue periférico humano (um tipo de glóbulo branco) foram pré-incubados com αLA e depois expostos a peróxido de hidrogénio. O tratamento com αLA diminuiu o stress oxidativo por reduzir quer a peroxidação lipídica, quer a morte celular.8 Outro estudo, em ratos, mostrou que o αLA reduziu o stress oxidativo no fígado e nos rins produzido por septicemia induzida – um estado vulnerável a uma alta produção de radicais livres.9

Ao garantires um consumo suficiente de αLA, vais manter este equilíbrio a teu favor e prevenir danos às células.

2. Combate os efeitos tóxicos de metais no organismo

Embora o corpo humano contenha pequenas quantidades de vários metais, incluindo ferro, zinco e magnésio, quantidades excessivas podem ser tóxicas. Assim, a questão é: como podemos prevenir o excesso de metais no organismo?

O αLA é não só o inimigo fervoroso de radicais livres, como também de metais em excesso – promovendo um processo conhecido como quelação de metais. O αLA forma uma ligação química com o metal em questão, permitindo ao organismo expulsá-lo sob a forma de urina.11

Tomemos o exemplo do ferro. Um estudo feito no ano passado tratou células estaminais humanas com citrato férrico de amónio (para induzir envenenamento por ferro). Algumas das amostras também foram tratadas com αLA, que rapidamente fez valer a sua magia quelativa. As células que não receberam αLA foram as mais desafortunadas. A análise posterior revelou alta acumulação de ferro, produção de ERO, danos às mitocôndrias e lesões intestinais – todas estas consequências foram diminuídas pelo tratamento com αLA.12

Parece valer a pena tomar um suplemento diário de αLA para manter os metais no teu corpo nas concentrações certas, prevenindo assim efeitos negativos devidos ao seu excesso e otimizando o equilíbrio do teu organismo e saúde geral.

3. Aumenta a absorção da glicose no sangue

O αLA pode ter um papel adicional na regulação dos níveis de glicose no sangue. Os estudos sugerem que pode melhorar a absorção de glicose em tecidos musculares resistentes à insulina, e portanto pode ajudar a regular o nível de açúcar no sangue.13

A resistência à insulina resulta numa absorção de glicose reduzida, que é sobrecompensada pela libertação de mais insulina – o que resulta em hiperinsulinemia (excesso de insulina no sangue). Isto pode causar outros problemas, pelo que é importante manter os níveis de glicose e de insulina sob controlo.14

Depois de uma refeição, a concentração de glicose no sangue sobe e o pâncreas liberta insulina para ajudar a transportar a glicose para as células. A insulina faz isto causando o movimento de GLUT 4 (um transportador de glicose) do interior da célula para a membrana da célula, permitindo à glicose entrar – essencialmente, abre-lhe a porta.15 No entanto, por vezes há demasiada glicose para o GLUT 4 a conseguir gerir, pelo que os níveis em circulação no sangue continuam altos – o que é conhecido como hiperglicémia.

O αLA pode desempenhar uma função semelhante à da insulina e causar o movimento rápido dos transportadores GLUT 4 para a membrana da célula, o que permite uma maior absorção de glicose pelas células e uma regulação mais eficaz dos níveis de glicose no sangue.16

Em suma, o αLA demonstrou ser uma mais-valia no que toca à regulação do nível de glicose no sangue — e na redução de problemas que isso implica.

Efeitos Secundários e Dosagem

Não existe presentemente um nível superior seguro definido para o αLA, mas isso não significa que o consumo de quantidades do mesmo em excesso não possa causar problemas. Um estudo não relatou quaisquer efeitos adversos com uma dose de 2400 mg por dia, embora seja provável que os efeitos secundários dependam de cada pessoa, portanto, tem sempre atenção e para de tomar αLA se sentires que este está a ter algum efeito negativo.18

Recomendamos uma dose diária de 600-1800 mg para obteres a totalidade dos benefícios para o organismo, embora doses mais baixas possam ser também eficazes.

 

Mensagem Final

O Ácido Alfa-Lipóico merece a nossa atenção como suplemento alimentar. A sua capacidade de reduzir a resistência à insulina significa que pode valer a pena experimentá-lo até para o controlo do peso. Adicionalmente, os seus atributos no combate aos radicais livres e ao excesso de metais no organismo podem ajudar a manter a saúde do teu organismo a longo prazo.

 

 

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Os nossos artigos têm propósitos unicamente informativos e educacionais e não devem ser usados como conselho médico. Se está preocupado, consulte um profissional de saúde antes de tomar suplementos nutricionais ou introduzir qualquer grande alteração na sua dieta.

 

1 Packer, L., Witt, E.H., Tritschler, H.J. (1995). Alpha-lipoic acid as a biological antioxidant. Free Radical Biology and Medicine, 19(2), pp. 227-250. doi:10.1016/0891-5849(95)00017-R
2 Reed, L.J. (1974) Multienzyme complexes. Accounts of Chemical Research, 7(2), pp. 40-46. doi:10.1021/ar50074a002
3 Shay, K.P., Moreaua, R.F., Smith, E.J., et al. (2009). Alpha-lipoic acid as a dietary supplement: Molecular mechanisms and therapeutic potential. Biochimica et Biophysica Acta, 1790(10), pp. 1149-1160. doi:10.1016/j.bbagen.2009.07.026
4 Wollin, S.D., Jones, P.J.H. (2003). α-Lipoic Acid and Cardiovascular Disease. The Journal of Nutrition, 133(11), pp. 3327-3330. doi:10.1093/jn/133.11.3327
5 Jones, W., Lia, X., Qua, Z., et al. (2002). Uptake, recycling, and antioxidant actions of α-lipoic acid in endothelial cells. Free Radical Biology and Medicine, 33(1), pp. 83-93. doi:10.1016/S0891-5849(02)00862-6
6 Schupke, H., Hempel, R., Peter, G., et al. (2001). New Metabolic Pathways of α-Lipoic Acid. Drug Metabolism and Disposition, 29(6), pp. 855-862.
7 Tibullo, D., Volti, G.L., Giallongo, C., et al. (2017). Biochemical and clinical relevance of alpha lipoic acid: antioxidant and anti-inflammatory activity, molecular pathways and therapeutic potential. Inflammation Research, 66(11), pp. 947-959. doi:10.1007/s00011-017-1079-6
8 Rahimifard, M., Navaei-Nigjeh, M., Baeeri, M., et al. (2015). Multiple protective mechanisms of alpha-lipoic acid in oxidation, apoptosis and inflammation against hydrogen peroxide induced toxicity in human lymphocytes. Molecular and Cellular Biochemistry, 403(1), pp. 179-186. doi:10.1007/s11010-015-2348-8
9 Petronilho, F., Florentino, D., Danielski, L.G., et al. (2016). Alpha-Lipoic Acid Attenuates Oxidative Damage in Organs After Sepsis. Inflammation 39(1), pp. 357-365. doi:10.1007/s10753-015-0256-4
10 Bernhoft, R.A. (2012) Mercury Toxicity and Treatment: A Review of the Literature. Journal of Environmental and Public Health. doi:10.1155/2012/460508
11 Sears, M.E. (2013). Chelation: harnessing and enhancing heavy metal detoxification–a review. The Scientific World Journal. doi:10.1155/2013/219840
12 Camiolo, G., Tibullo, D., Giallongo, C., et al. (2019). α-Lipoic Acid Reduces Iron-induced Toxicity and Oxidative Stress in a Model of Iron Overload. International Journal of Molecular Sciences, 20(3), pp. 609. doi.org/10.3390/ijms20030609
13 Streeper, R.S., Henriksen, E.J., Jacob, S., et al. (1997). Differential effects of lipoic acid stereoisomers on glucose metabolism in insulin-resistant skeletal muscle. The American Journal of Physiology, 273(1), pp. 185-191. doi:10.1152/ajpendo.1997.273.1.E185
14 Petersen, M.C., Shulman, G.I. (2018). Mechanisms of Insulin Action and Insulin Resistance. Physiological Reviews, 98(4), pp. 2133-2223. doi:10.1152/physrev.00063.2017
15 Furtado, L.M., Somwar, R., Sweeney, G., et al. (2002). Activation of the glucose transporter GLUT4 by insulin. Biochemistry and Cell Biology, 80(5), pp. 569-578. doi:10.1139/o02-156
16 Konrad, D., Somwar, R., Sweeney, G., et al. (2001). The antihyperglycemic drug alpha-lipoic acid stimulates glucose uptake via both GLUT4 translocation and GLUT4 activation: potential role of p38 mitogen-activated protein kinase in GLUT4 activation. Diabetes, 50(6), pp. 1464-1471. doi:10.2337/diabetes.50.6.1464
17 Yadav, V., Marracci, G., Lovera, J., et al. (2005). Lipoic acid in multiple sclerosis: a pilot study. Multiple Sclerosis Journal, 11(2). doi:10.1191/1352458505ms1143oa

Alice Pearson
Nutricionista Associada Registada
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Alice Pearson é uma Nutricionista Associada Registada no UKVRN e consultora antidoping credenciada no Reino Unido, tendo obtido uma licenciatura em Nutrição e um mestrado em Nutrição Desportiva. Tem um interesse especializado no uso de suplementos desportivos para melhorar a saúde, condição física e desempenho desportivo. Alice tem experiência profissional tanto com amadores como com atletas de elite, incluindo dar apoio ao nível da nutrição ao Tranmere Rovers FC e ao Newcastle Falcons Rugby Club. As suas orientações nutricionais são sempre baseadas na investigação empírica, relativamente à qual se mantém atualizada através de um desenvolvimento profissional continuado e aprendizagem independente. No seu tempo livre, Alice gosta de viajar, ir ao ginásio e deixar-se prender por um bom livro. Descubra mais sobre Alice aqui.

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